quinta-feira, 24 de março de 2011

Violão Assombrado

Na alma do meu violão
Assombram três fantasmas:
– Um se chama Acalanto
E o outro Viração...

Quando Acalanto assombra
– a alma do meu violão –
Tudo se torna milonga,
Quimeras, poesia e canção.
O tempo para pra ver
O bailar da prima e o bordão,
Quando Acalanto assombra
– a alma do meu violão –.

Na alma do meu violão
Assombram três fantasmas:
– Um se chama Acalanto
E o outro Viração...

Quando Viração assombra
– a alma do meu violão –
As cordas se perdem em rancheiras,
Xotes, polcas e vaneirão...
Mas, depois, tudo vira poeira
E a milonga se faz amante da solidão,
Quando Viração assombra
– a alma do meu violão –

Na alma do meu violão
Assombram três fantasmas:
– Um se chama Acalanto
E o outro Viração...

Quando o terceiro fantasma assombra
– a alma do meu violão –
O silêncio se para mais quieto
Para ouvir a sua canção.
A milonga – sempre presente,
Faz contraponto com a dor,
Quando o terceiro fantasma...
Que tem por nome – Cantor!

Na alma do meu violão
Assombram três fantasmas,
Que penam arrastando seis cordas
De uma mesma prisão.


Caco de Paula.
23/03/2011

sábado, 26 de fevereiro de 2011

A Morte de Don Eusébio!

Se foi o velho Eusébio, pra junto dos ancestrais.
Deixou a velha estância, que um dia herdou dos seus pais.
E o patrãozinho, que vive lá na cidade, e nunca ligou pra o que é campeiro,
Mandou lotear a estância, pra vender casas, pra o povoeiro.
Me mandaram encilhar o gatedo. Me deram mais alguns pilas...
Um cusco baio-coleira, uns trates – velhos – de encilha.
Um sol nascente, um cheiro de maçanilha,
E o silêncio de quem parte sem ter gado ou tropilha.

Pra quem olha é só capim...
Léguas de campo que parecem não ter fim.
Uma casa velha costeada à sombra de um umbu,
E umas tapearas por detrás dos guabijus.
Restingais de vassoura e araçá,
Lendas dormidas sobre o Negrinho e Boi-tá-tá...
Coisas antigas, que hoje nem se lembra mais,
Causos de bravatas que o tempo deixou pra traz...

Não sabe o patrãozinho, o porquê se fez doutor.
Porque o velho Eusébio, calava em silêncio sua dor.
Que cada pedra daquele rancho conta um pouco da sua história,
Dos anos de suor e de luta, que rendiam algumas horas de glória.
Dom Eusébio perdeu a força do braço, na dura lida do campo,
Para garantir que seu guri, na universidade tivesse um banco.
E o velho, que jamais aprendera a ler, com trabalho suor e dor,
Conseguiu realizar seus sonhos e formou seu filho doutor.

Se foi o velho Eusébio, pra junto dos ancestrais.
E o patrãozinho, que não gosta do campo, vendeu o rancho do seu pai.
Vendeu junto todas as lembranças, de quem tinha seu mundo aqui,
Peões de olhos tristes, em seus matungos e gateados, sem ter pra onde ir.
Olho a maçanilha do campo, logo tudo será calçada...
Não mais os quero-queros anunciarão os que vem pela estrada.
Se foi o velho Eusébio, pra junto dos ancestrais...
E os que ficaram também se vão, pra não voltar mais...




Caco de Paula.
26/02/2011

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Aos Visitantes!

Buenas amigos!

A todos que visitam o blog, não se acanhem em comentar as poesias ou me mandar um chasque: cacodepaula01@gmail.com.

Baita abraço a todos e gracias pela visita!

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

sábado, 15 de janeiro de 2011

Milonga Potra

Milonga potra que floreio entre os enredos
Conta segredos junto às cordas do violão,
Desata acordes pela dança dos meus dedos
No contraponto do bater do coração.
Se amansa quando um verso chega pelas beiras,
Pano de eira secando notas grão a grão,
Milonga potra, ajeita “uns troços” pro negócio,
Na olada buena junto à sombra do galpão.

Vai milonguita, não te achica ‘presses’ maulas,
Metendo a cara entre a prima e o bordão!
Enquanto a faca se afia pela chaira,
Tu te afina junto as cordas do violão.

Faz cara feia e não te enleia feito bicho,
É meu cambicho te domar montando em pelo.
Frente ao potreiro, dando corda pra o serviço,
Milonga potra, de destino traiçoneiro,
Foi algum taura que veio lá da fronteira,
Que te trouxe na algibeira pra acalmar um velho vício,
Milonga potra, se espichando toda prosa,
Fazendo grosa e de-lhê corda pra o municio.



Caco de Paula.
06/11/10