quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Milonga para Pedro Guerra

A madrugada estende um lenço
Maragato, como seus ancestrais,
E o menino Pedro Guerra
Como um centauro se vai.
O campo é seu universo, seu irmão o Uruguai
E nas coplas de um assobio, deixa a noite pra traz.
Cevando amargos da vida,
Adoçando com jujos a lida,
Sorvendo o cheiro da relva
N’alguma querência esquecida.

A tarde desaba em prantos
Fazendo de várzea os campos,
E o moço Pedro Guerra
Solito, se vai ao tranco.
O chapéu de aba tapeada, o poncho molhado demais.
O lenço vermelho atado, em memória aos seus ancestrais.
O mate cevado na alma,
Lavado de tempo e calma.
Na tarde que morre em pranto,
Vai o Pedro, sovado de campo.

A noite chega sem dar alarde,
Dando vida ao braseiro que arde.
E o velho Pedro Guerra
Bebe a morte de outra tarde.
Pedro Guerra peleou com a vida, na lida, alegria e dor...
Hoje é mais um boi que o destino reponta para o corredor.
Vai o velho Pedro Guerra
E de lá, não volta mais.
Mas se vai de lenço atado,
Pronde estão seus ancestrais.

Caco de Paula
18/01/2004

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