quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Espelho

Já não se usa a velha canga
Puxando o tempo no lombo dos bois.
Os pirilampos perderam a magia...
Os dias passaram? Os tempos Mudaram?
Ou será que foram os dois...?
Não se pesca mais lambaris de sanga
Com anzol de alfinete e caniço de sarandi,
Os dias não param, os anseios mudaram...
E as coisas cambearam até mesmo aqui.
Onde andará o botoque certeiro
Pras caçadas de rola ou de juriti?
Pelas pastagens os quero-queros calaram
E pelos aramados, não se vê mais pousados os bem-te-vis.
Silenciou-se nas estradas o grito tropeiro
E o som do sincerro que um dia ouvi,
Nas manchas de óleo os peixes turvam
Prum negro de noite qual surubim.
E o novo caudilho se lança pro espaço
Buscando respostas em outro lugar.
Quem sabe encontre em outro planeta,
Ou na luz de um cometa por onde passar...
E quando achar, terá uma nova chance
De um recomeço bem longe daqui,
Matar novos mundos com sua ganância,
Extinguir outro planeta como fez por aqui.


Caco de Paula
01/2004

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