sábado, 31 de julho de 2010

Meu Rincão

A noite chaga tranqüila pra bombear o meu rincão,
E o canto de um grilo pagão abençoa as estrelas.
Adormece a mangueira, depois de muita lida
E uma açucena dormida bebe gotas de sereno.
Os baios se fazem vultos, por entre o breu soturno
Ouvindo o lamento noturno do cantar de um urutau.
A gadaria num missal, onde antes se carneou,
Ruminam uma oração pra o capão que não voltou.

O meu rincão tem segredos
Que não conto nem pra mim,
O sussurro do capim conversando com a terra;
Fantasmas pelas taperas, mateando sua saudade
Pois nem a morte faz aparte pra quem é desta terra.

O açude bebe a lua, pra o encanto da traíra,
E valsea a bailarina que renasceu num aguapé.
No poleiro o garnisé conta as horas pra alvorada
Pra acordar a madrugada com seu grito de Sepé.
Meu rincão é bem assim, léguas de chão e simplicidade
Pra quem parte é saudade, pra quem fica é mais que um lar!
E pra quem que pode voltar, bebe a água da cacimba
E sente que a vida é mais linda, se vivida neste lugar...





Caco de Paula.
27/07/2010

Um comentário:

  1. Teu Rincão é flor de lindo
    com gadaria em missal
    pela vertente real
    do chão em simplicidade
    da alvorada em verdade
    que verte neste lugar
    é, o poeta e versejar
    como esta bela cria
    mapa rico de poesia
    que faz a mente viajar!

    Meus cumprimentos por tua BAITA sensíbilidade nesta OBRA de puro e rico luxo.É um verdadeiro PATAÇO de nostagia e vida nesse teu RINCÃO. Te abraço emocionado pela bela e rica obra que fazem a gente pensar. Parabéns!- poeta Caco de Paula / parabéns poesia de luxo / ao teu tímbre de Gaúcho / na poesia da fala. Sucessos para novas obras que se avizinham logo alí no teu manto sagrado da inspiração. LUZ SEMPREEE... Com meu BAITA ABRAÇO FLOR DE ESPECIAL. Edegar Soares

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