terça-feira, 9 de novembro de 2010

Milonga de Faca e Laço

Vai o laço se espichando,
Buscando o corpo do touro,
Sentindo fome do couro
Vai lambendo o pastiçal.
E se cumpre o ritual,
Parando a rês num boleio,
De um lado o braço campeiro
Do outro o tombo brutal.

Vem a faca castradeira,
Que não se achica pro serviço...
E conhece o compromisso
Que o laço acabou de marcar.
Vai cumprir o seu ofício,
Nesta rude medicina,
Limpando a faca na crina
Na ciência de castrar.

Num alvoroço da cuscada
Saem os potros da mangueira,
Uma tropa muy lindeira
Bem preparada pra armada.
Bate bumbos a tourada,
Com pataços pelo chão,
E a chacarera no coração
De quem campeia a olada.

Depois de feito o serviço
De touro que vira boi,
O dia inteiro se foi
A faca, corda e munício.
Um truco orelhado pro vício
Indica que é chegada a hora
De descansar as esporas
E lustrar balcão de bolicho.



Caco de Paula.
24/10/2010

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