sábado, 16 de outubro de 2010

Seiva Bugra

Vagam pelas estradas com passos sem rumo
Como errantes pela terra que é sua,
As mãos vazias, as barrigas roncando,
Mas a alma transbordando de cultura.

Balaios, cestos, animais entalhados,
Suvenires que enfeitam salas,
Das casas confortáveis de outros homens,
Que usurparam suas terras por migalhas.

Peles queimadas pelo sol da estrada,
Herdeiros puros da raça de Sepé,
Pousam pra retratos tirados nos Sete Povos,
Mural da história, que teima em estar de pé.

Resto de povo, berço da história,
Luta e glória que não cabe nos livros.
Resto de gente, povo sofrido,
Que entre seus descendentes, já foi há muito esquecido.

E hoje, vejo meus ancestrais pelas esquinas,
Vender balaios com crianças maltrapilhas,
Enquanto bandeirantes e “heróis” da nossa estória,
Nomeiam ruas, praças e avenidas.

Ergueram missões e catedrais nos Sete Povos
Estes braços fortes de homens tão sofridos
E hoje imploram alguns pilas nos balaios,
E quem foi rei, hoje se para de mendigo.

Mas a seiva bugra, destes reis campeiros,
Sabe que um guerreiro nunca nega sua origem.
E as cicatrizes em seu corpo inteiro,
São tronco e raízes de quem aqui chegou primeiro!




Caco de Paula.
01/10/2010 -15/10/2010

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