sábado, 26 de fevereiro de 2011

A Morte de Don Eusébio!

Se foi o velho Eusébio, pra junto dos ancestrais.
Deixou a velha estância, que um dia herdou dos seus pais.
E o patrãozinho, que vive lá na cidade, e nunca ligou pra o que é campeiro,
Mandou lotear a estância, pra vender casas, pra o povoeiro.
Me mandaram encilhar o gatedo. Me deram mais alguns pilas...
Um cusco baio-coleira, uns trates – velhos – de encilha.
Um sol nascente, um cheiro de maçanilha,
E o silêncio de quem parte sem ter gado ou tropilha.

Pra quem olha é só capim...
Léguas de campo que parecem não ter fim.
Uma casa velha costeada à sombra de um umbu,
E umas tapearas por detrás dos guabijus.
Restingais de vassoura e araçá,
Lendas dormidas sobre o Negrinho e Boi-tá-tá...
Coisas antigas, que hoje nem se lembra mais,
Causos de bravatas que o tempo deixou pra traz...

Não sabe o patrãozinho, o porquê se fez doutor.
Porque o velho Eusébio, calava em silêncio sua dor.
Que cada pedra daquele rancho conta um pouco da sua história,
Dos anos de suor e de luta, que rendiam algumas horas de glória.
Dom Eusébio perdeu a força do braço, na dura lida do campo,
Para garantir que seu guri, na universidade tivesse um banco.
E o velho, que jamais aprendera a ler, com trabalho suor e dor,
Conseguiu realizar seus sonhos e formou seu filho doutor.

Se foi o velho Eusébio, pra junto dos ancestrais.
E o patrãozinho, que não gosta do campo, vendeu o rancho do seu pai.
Vendeu junto todas as lembranças, de quem tinha seu mundo aqui,
Peões de olhos tristes, em seus matungos e gateados, sem ter pra onde ir.
Olho a maçanilha do campo, logo tudo será calçada...
Não mais os quero-queros anunciarão os que vem pela estrada.
Se foi o velho Eusébio, pra junto dos ancestrais...
E os que ficaram também se vão, pra não voltar mais...




Caco de Paula.
26/02/2011

Nenhum comentário:

Postar um comentário