segunda-feira, 30 de novembro de 2009

O Verso Mateia Comigo

Um verso se veio do campo,
Desencilhou pra matear comigo.
Botou um cerne de angico no fogo
E trouxe as prosas de um velho amigo...
Contou-me histórias de vento e lua,
Tomou uma pura pra aquietar as ‘mágoa’,
Contou cueradas de canchas e domas
E de terra e pasto dessas invernadas.
Jujou maçanilhas no mate lavado,
Encilhou amargos de ilusão,
Compôs payadas, milongueou uns troços,
Quebrou os ossos d’alguma canção.
Aninhou a rima, chocou uns versos
Que um dia, solito, assobiei pra mim,
Olhou-me nos olhos, lavrou-me a calma,
Jujou-me a alma de sanga e capim...
Depois, agradeceu o mate,
Se foi pro embate de um novo dia.
Deixou mornas as brasas do angico,
Deixou-me rico de tempo e poesia.

Caco de Paula
01/10/2003

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