Velha negra, crioula do meu pago,
Quantas vezes ao teu lado, vi a noite passar,
E o dia, ao chegar, me pegou de mate lavado.
Velha negra, quantas vezes, te contei minhas penas,
E tu, sempre serena, chiava baixinho um canto amigo,
E ali, ficava comigo, junto ao pai-de-fogo,
A sentir todo o retovo que te aquecia por dentro
Enquanto eu sorvia, lento, os jujos de tua alma.
Sempre me doeu, negra velha, te ver nos outros ranchos,
Esquecida pelos cantos, cheirando a picumã,
Mas este teu afã, de ser mais que serviçal,
Te fez um símbolo bagual dos ranchos e das tropedas.
Por isso, no meu rancho, és amiga e não escrava.
A modernidade fez chegada e me trouxe a chaleira,
Mas tu, cambona campeira, jamais deixarei de lado.
Gosto de te ter no constado, a bombear madrugadas comigo,
Enquanto teu chiado amigo vai me contando segredos,
Eu te conto dos enredos nas horas do mate amargo.
Caco de Paula
26/11/2009
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